Conversa com a Preta Fina
Conversa com a Preta Fina
Juliana Cidali de Oliveira, mais conhecida como PRETA FINA, é uma empreendedora Curitibana, que muito mais que o lucro, enxerga pessoas, e como pode ajudar o meio em que vive. Seja através das suas bijus, embelezando e empoderando, seja dando ouvido e inspiração, ou dando espaço e ajuda para outros empreenderem também. Empatia é a palavra-chave para descrever essa mulher! E isto é muito mais que um valor que ela tenta empregar em sua vida, é uma coisa natural, que molda o jeito como ela olha para o mundo. E como para nós da AADHU — ASSOCIAÇÃO DE APOIO AO DESENVOLVIMENTO HUMANO conhecer e reconhecer pessoas que são agentes de mudança é muito importante, chamamos ela para uma conversa sobre essa caminhada que vem impactando tantas vidas.
AADHU - Desde o começo você planejava que sua carreira tivesse esse enfoque no empreendedorismo social?
Preta Fina - Sempre tive essa coisa de ajudar pessoas, no começo visava somente como renda familiar, mas com o tempo fui vendo que poderia contribuir para o trabalho de outras pessoas também, levando trabalho delas para os eventos e divulgando em minha página.
AADHU - Como a evolução no empreendedorismo feminino te afetou desde que você iniciou sua carreira, até agora?
Preta Fina - Me incomoda muito as pessoas não enxergarem o outro como colega de trabalho, e sim como concorrente, as pessoas têm dificuldade de ajudar quem trabalha no mesmo segmento que elas.
AADHU - O que a incentivou a começar sabendo da dificuldade em abrir o próprio negócio?
Preta Fina - Não tive escolha, nem incentivo. Comecei a empreender através de uma fatalidade familiar, fui arrancada da minha profissão de formação e a bijuteria foi uma fuga, para não desistir e não recorrer a remédios.
AADHU - Quão importante é o incentivo?
Preta Fina - Vontade de desistir, dá sempre. Mas saber que tem pessoas que levam a sério o seu trabalho, é o que motiva a continuar até nos dias mais difíceis.
AADHU - O que mais mudou em sua vida desde que decidiu seguir seu sonho?
Preta Fina - O reconhecimento das pessoas, o respeito, o incentivo e as oportunidades. Seria hipocrisia eu falar que tudo são flores, passo dificuldades, lutas, desafios, mas sigo cada dia mais forte.
AADHU - Para aquelas mulheres que estão procurando uma forma de aumentar ou reforçar seu orçamento mensal neste momento difícil que enfrentamos. Que conselho você dá para esta nova empresária?
Preta Fina - Não desistir, na primeira vez que algo dá errado, que alguma porta se fecha, ou que você vai a um evento e não vende é preciso ter persistência.
AADHU - Em uma live você fala sobre a sua mãe com muito carinho, mas tratando de um tema tenso, racismo! Como ela trazia este tema à tona com você?
Preta Fina - Ela falava de forma objetiva, que ia doer, e que seria difícil, mas só caberia a mim, viver vítima disso ou me sobressair nas situações em que isso acontecesse.
AADHU - Como você lidou com o preconceito ao longo da sua jornada?
Preta Fina - Driblando o tempo todo, as vezes fazia vista grossa, as vezes colocava a pessoa no seu devido lugar, mas sempre com educação, sem gritaria, nem escândalo. As vezes simplesmente desprezo, aprendi que não tem coisa melhor que isso em algumas circunstância.
AADHU - O tema educação, você cita que já foi educadora e que em família você sempre foi orientada a ter educação, o “Respeito ao outro”. O que você acha dos dias atuais? Qual é a perspectiva da Preta Fina sobre educação na escola e em casa?
Preta Fina - O meu lema é este Respeitar até quem não merece. Você não é culpado, pela falta de respeito e educação do outro. Vejo que a Educação na escola não existe nos dias de hoje, nem da parte do corpo docente para os alunos, nem vice-versa. Não vejo empenho de ambas as partes para que o ensino seja de melhor qualidade. Claro que não posso generalizar, mas na maioria das escolas que visito percebo isso de grande parte das pessoas. Muitas pessoas estão lá somente pelo salário, e alunos porque são obrigados a ir à escola, infelizmente.
AADHU - Vendo a sua biografia, tem um momento difícil onde parte da sua família é tirada de você. Muitas pessoas desistiriam de tudo. Qual foi seu impulso para não desanimar diante de algo tão difícil?
Preta Fina - O meu pai ter sobrevivido, ele dependia total e completo de mim e de meu esposo, não desisti somente por isso.
AADHU - Todos querem saber, como é ser empreendedora, mãe, esposa no Brasil atual?
Preta Fina - É acordar desempregada todo dia, contando as moedas muitas vezes, é contar com o respeito das pessoas (para pagamentos, retirada de encomendas nas datas corretas). É fazer a diferença em meio a tantos trabalhos iguais, é viver de sonho, viver pela fé (independente de qual seja sua crença). É se vestir de sorriso e não desistir JAMAIS.
Agradecemos Juliana seu tempo e disposição em responder nossas perguntas.