Com esforço e diplomacia e, ao contrário daqueles que duvidam, o “20 de Novembro” vai longe.
Dia 20 de novembro, se comemora no nosso país, o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra aqui no Brasil.
Nos dias de hoje, face aos avanços, representados pelos resultados obtidos, já se fala em “Semana da Consciência Negra” e mesmo, no “Mês da Consciência Negra”.
Por essa razão, não cabe mais analisar as origens históricas do movimento porque já se sabe que ele começou com a morte de Zumbi dos Palmares pelo bandeirantes liderados por Domingos Jorge Velho e que…
...Zumbi foi morto em 1695, na referida data, por bandeirantes liderados pelo bandeirante Domingos Jorge Velho.
Sabe-se que, os primeiros que defenderam a bandeira da Consciência Negra, passaram por situações difíceis, provocados basicamente por duas frentes:
Ao pessoal que era contra o movimento, que até podem ser denominados como racistas e
Os extremistas internos que viam racismo em tudo.
A Lei 12.519 de 2011 instituiu oficialmente o dia 20 de novembro como Dia da Consciência Negra, hoje renomeado para Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra aqui no Brasil.
Esta lei deixa aberta a possibilidade de estabelecimento de feriado na data, ficando a critério dos municípios e dos estados acatarem-na ou não.
A questão do feriado/não feriado ainda gera polêmicas porque, por diversas razões, não há unanimidade entre os municípios e apenas a União tem o poder de criar feriados nacionais.
Polêmicas à parte, pode-se dizer que o movimento está cumprindo o seu papel que tem, entre vários, os objetivos de buscar o respeito aos direitos civis das populações negras.
É claro que, ainda falta muita coisa a ser feita, mas o caminho está sendo pavimentado e, a passo de ganso segundo o povo negro e ligeiro demais segundo alguns contrários.
A coisa toda é complexa e felizmente que o Brasil, historicamente não gosta de resolver coisas complexas na base da porrada porém, admite que coisas simples com decisões simples, fiquem enfiados em gavetas jurídicas mofando e com isso, deturpando documentos e ideias.
Um bom exemplo é o que dissemos agora a pouco sobre o “racismo” de brancos que são contra o movimento negro e o “extremismo interno” no movimento que, as vezes mais atrapalha do que ajuda.
Na questão da acusação existente contra brancos que são contrario aos movimentos negros, pode-se sim ser considerado como racismo.
Isso nos parece lógico, porém, há que se entender que o racismo no país é cultural, mas soa disfarçado para quem sofre as consequências dele.
Não se deve esquecer que os portugueses que nos colonizaram, foram racistas e não tiveram a mínima preocupação em escravizar pessoas e mesmo, após a extinção do escravagismo, permitiram atitudes jocosas e humilhantes como se os negros ainda fossem escravos e pessoas inferiores.
Isso aí, na realidade, é o que se pode chamar de “racismo cultural”.
Antes que pensem, informamos que não se trata de um provável “racismo culposo” parafraseando o caso de estupro que ocorreu pouco tempo atrás em Santa Catarina.
A nossa narrativa, se trata de brasileiros brancos que nasceram e foram criados no Brasil ouvindo dizer que isso é “coisa de preto” e que o “preto” só tem defeitos e pior, estes defeitos são exclusivos deles.
Dá para entender que na cabecinha do branco nascido e criado aqui, ficou a ideia que os negros, eram inferiores e imprestáveis e pronto.
Isso acontecia mesmo que negros de destacassem em diversas áreas, e ai se dizia que “este preto tem alma branca” por isso, deu certo.
Quem de nós, branco dos mais antigos, não chegou a pensar assim mesmo sem saber do mal que fazia?
Daqueles brancos bem antigos, podemos dizer que era a grande maioria, mas esta maioria foi reduzindo gradativamente.
Agora…
Se nós pudéssemos examinar o que aconteceu na cabecinha das crianças negras que nasceram e foram criadas aqui, aconteceu a mesma coisa.
O pai delas, que a vida toda sofreu o racismo de parte dos brancos, possivelmente dizia para os filhos:
.. que “se cuidassem” com os brancos porque eles não o respeitam, não querem você por perto, acham que você é vagabundo e, quando te oferecerem emprego, pode ter certeza, será coisa ruim e mal paga.
Quem de nós, negros dos mais antigos mas não tanto, não sofremos este tipo de aculturamento inadequado?
Isto, pode ter feito com que muitos negros se sentiram inferiores e na defensiva contra todos e qualquer um que não fosse preto.
Quem, na tua opinião está certo?
Na sua, não sabemos, mas nossa, achamos que ambos estão certos em defender a sua prole.
Neste caso ainda, também pouco adianta quem é a origem da coisa e quem poderia ser o culpado porque, se fizermos isso, estaremos discutindo: Quem nasceu antes, o ovo a ou a galinha.
O que fica nesta mensagem é que o “racismo cultural” existe e só deixará de existir quando as minorias se aculturarem e conseguirem o seu espaço junto à sociedade.
Veja um exemplo disso:
Ele é muito bem explorado no filme “Tempo de Matar”, estrelado por Sandra Bullock, Samuel L. Jackson, Kevin Spacey.e Matthew McConaughey.
Este filme conta a historia de um advogado(McConaughey) que defende um negro (Jackson) que tinha matado os agressores de sua filha de 10 anos de idade, com extrema maldade, levando-a à morte.
Ao descobrir o que aconteceu, o pai dela (Jackson) matou os agressores e, por essa razão, foi preso e acusado de homicídio.
O filme tem um enredo envolvente e mostra a perplexidade do pai quando ele alega legítima defesa já que os bandidos mataram brutalmente a filha dele e isto não era reconhecido pela justiça.
Resumindo…
O ponto alto do filme foi quando o advogado de defesa, na sua fala final aos jurados, descreveu com detalhes, tudo que os agressores fizeram com a menina. Timtim por timtim.
Foi chocante e, mesmo os jurados que eram, visivelmente, contra o réu, deram a impressão de que estavam extremamente chocados com tudo que ouviam
Ao término da fala, o advogado olhou para todos jurados, uma a um, cara a cara, e disse:
Peço a vocês, jurados, que agora, reflitam e imaginem o que vocês fariam caso a menina morta fosse uma branca que deixou de viver, fruto da violência de criminosos negros.
Por favor, entenda, não estamos defendendo isto como normal e que está certo, estamos dizendo apenas que isso ocorreu no Brasil e não apenas contra os negros e sim com, praticamente, todos os imigrantes que vieram pra cá.
Só prá se ter uma ideia, nem os portugueses escaparam.
Na realidade o problema brasileiro é mais completo.
Se admitirmos que as nossas crianças, negras ou não negras, sofreram uma espécie de "bullying" racista, porque, o racismo enfiado na criança branca “venceu”.
É uma pergunta que fica e, para respondê-la, é necessário mais tempo.
O importante, para que preconceitos diminuam no nosso país, é conseguir melhorar a cultura tanto daquele que sofre com o preconceito como daquele que o pratica.
O que vemos muito hoje nos movimentos da Consciência Negra é a adoção deste caminho.
O sociólogo e filósofo negro Dumas Santos está visivelmente nessa linha de ação.
Veja neste link:
https://www.youtube.com/watch?v=Z4zU6iRUDOw&feature=youtu.be
... uma entrevista com ele, mas por favor, não diga e não pense que ele é “um negrinho que deu certo’ porque, ele não é nada disso.
Obrigado por ler até aqui.
Texto de JefCor